Ser Feliz, é uma Decisão?

sábado, julho 22, 2006

O Rei vai nu !

Hipocrisia, manipulação e anti-tabagismo primário

Hoje recebi mais um pedido dos meus colegas colaboradores da Assoc. Sorrir para contribuir para o blog. Correndo o risco de finalmente me desmistificar aos seus olhos, tive um rasgo de inspiração e encontrei finalmente assunto. Se deixarem de gostar de mim, não digam que não avisei.

Para começar, nada como uma boa fumaçada de MalXXro para refrescar as meninges (lei da publicidade oculta).
À minha volta, olhares transversos de superior reprovação, e sinto mesmo alguns murmúrios abafados pelo ruído da rua, lá fora.
Minto.
Não que não haja ruído lá fora, mas como estou em casa, sozinho, não há alma disciplinar que me apoquente e há já algum tempo aprendi a lidar com os meus “anjinhos protectores”. Uma de mal (?) com uma de bem (?) e fica tudo a zeros. Lá vamos ter que ir ao desempate a penaltis, e como o Ricardo é meu amigo...

Passemos a coisas sérias.
Não venho aqui para afirmar que o tabaco, sobretudo quando copiosamente “temperado” pelos seus fabricantes maioritariamente norte-americanos, não seja uma substância tóxica que como todas as outras nos envenena lentamente a existência. Assim, se procuram atingir o nirvana e deixar este mar de ilusões a caminho da sempre eterna “sátvica” (para os apreciadores de cultura indo-europeia) bem-aventurança celestial, não fumem mesmo, e se calhar, escusam de ir mais longe nesta leitura. Mas já agora não bebam, não comam carne ou peixe, comida bem temperada, abstenham-se de maus pensamentos, palavras duras para não falar de comportamentos impróprios, não buzinem, não mintam (sobretudo a vocês mesmos) e como a lista já vai longa e para acabar, não se distraiam muito com o sexo.

Estou aqui sim, e como tento estar no resto da minha vida, para pensar com a minha mente e corpo e “quiçá” até com a minha fumegada alma.
Pois. Questiono-me bastante (não me dão outra hipótese) sobre esta demonização tabágica e as suas hipócritas manifestações pseudomoralistas. É curioso ver como o principal beneficiado por este vício, o estado e os seus numerosos tabágicos administradores, que retira cerca de 25% de margem em colecta de impostos, nos impigem diariamente conselhos, restrições, e até mesmo pragas (se fumares morres), e pouco para não dizer nada, fazem para facilitar a vida aos que sincera e dificilmente procuram abandonar a sua dependência.
Sim, porque de dependência se trata. Dependência porventura tão perniciosa quanto a que todos temos relativamente ao quotidiano, às convicções, à incapacidade de mudar, aquilo que no fundo constitui o nosso verdadeiramente minúsculo dia-a-dia.
Creio mesmo que o dito vício é afinal uma patética tentativa de quebrar essa rotina (irónico), e de frente para algo que não nos contradiz, argumenta ou contraria, sorvemos gulosamente o silêncio da companhia de um bom cigarro. Afinal, ninguém (que eu saiba), e embora muitos sejam os psicólogos e psico outros que assim o pensam, falou publicamente dos efeitos tranquilizantes e antidepressivos que o tal cigarito possui.
Quantas famílias não teriam ficado sem pai ou esposas sem maridos, não fora o cigarito aceso num momento de maior desespero.
Na verdade, a maior dificuldade para o fumador no abandono da sua adição, é mesmo o rompimento com essa presença. Para a nicotina temos pastilhas, adesivos e outros gadgets, filhos bastardos da tal industriazinha farmaco química que também produz os pózinhos que as tabaqueiras adicionam ao tabaquito (para que “queime” melhor, tenha mais “gosto” e provoque ainda mais dependente “prazer”). Mas onde estão os substitutos para a sua “presença” ? Onde estão as aulas para “aprender” a estar consigo?

Para além do mais, custa-me também ouvir diariamente dizer que faz isto, aquilo e mais ainda à nossa saúde. Será que mais uma vez não nos estão a vender os sintomas pela doença?
Um estudo muito interessante sobre três grupos de indivíduos caracterizados pelos seus tipos psicológicos básicos. Foi feita a sua monitorização ao longo da vida, quantificando e caracterizando as doenças que vêm a desenvolver (efectuado nos últimos 15 anos numa cidade de Inglaterra com cerca de 15.000 habitantes e na faculdade de medicina dos USA **) revela factos interessantes que põem em questão os resultados apresentados relativamente aos malefícios do tabaco.
Assim, um dos grupos revelou uma maior predominância de doenças cardíacas, outro de doenças do tipo deficiências imunitárias (cancro, etc.) e no terceiro, menos propensão para qualquer destas doenças, e isto, independentemente do facto de serem ou não fumadores.
Ou seja, muito embora o tabaco indiscutivelmente aumente as possibilidades da ocorrência de cancro pulmonar, o que se verifica no grupo que emocionalmente tem essa predisposição, outros factores de caracter psicoemocional são muito mais relevantes.
Aliás, a primeira e única indispensável causa de morte é a vida.



Repito, não digo que o tabaco não faz mal, mas pergunto-me quem beneficia com esta cruzada pois a minha já razoável experiência leva-me a desconfiar dos bons propósitos das cúpulas em matérias económicas.
Hum, sacrificar assim um negócio tão chorudo sem que exista uma contrapartida mais choruda ainda? Onde já se viu?
E então porque não se fala dos malefícios da alimentação (responsável por 40% dos gastos de saúde na G.B.)? E dos transgénicos (onde as provas de perigosidade são tão seguras como as apresentadas para o fumo) E da publicidade (que apenas raramente não é enganosa)? E do álcool?
Para quando uma campanha onde o slogan fosse: “Fume sim, mas com moderação”!
Ao invés o que vemos? Pragas! Não contentes com a inevitável culpa que o dito dependente sente pela sua adição, resolveram, à boa maneira das bruxas da idade média, castigar ainda mais os já desgraçados fumadores, rogando-lhes requintadas pragas que vão do “Os Fumadores Morrem Mais cedo” (gostava de saber onde está marcada a minha hora, just in case), à mais terrível de todas para qualquer macho latino que se preze: “Fumar provoca a impotência”.
Além disso a minha posição neste assunto é clara. Se o tabaco mata prendam os fabricantes!

Longe de ter sequer arranhado a superfície desta questão, venho pois pedir-lhes, isto é se verdadeiramente a vossa preocupação pela nossa saúde for genuína, que me deixem ser responsável na escolha dos meus venenos, e que talvez por consideração à minha desgraçada existência, se debrucem um pouco mais sobre os barrotes que vos entravam a vista, não vos impedindo no entanto de verem a palha que meto na boca.

Não espero encontrar para breve “salas de fumo” ou a distribuição gratuita de boquilhas assépticas, mas desejo do fundo do coração que este fosse o pior dos males nesta terra. E que esta campanha, curiosamente iniciada no país dos maiores poluidores mundiais (ainda havemos um dia...de saber porquê), sirva para que olhemos para o que nos impigem, pela frente, mas também pelos lados e por trás, antes de embarcarmos em cruzadas moralistas de duvidosos efeitos. Os inquéritos mais recentes mostram aumentos no consumo, sobretudo em novos tipos de consumidores, e nomeadamente fruto da exportação do estilo de vida ocidental para casa dos nossos irmãos do oriente.

Para terminar uma pergunta e por favor sejam sinceros: O que vos custaria mais. Ter um filho fumador ou que ele se chamasse Sócrates?
Deus lhes dê muitos meninos e se possível que não fumem!

Ah ! E já agora, que tal se obrigassem os restaurantes a não cheirar a óleo de fritos?

Parafraseando um meu amigo fumador:
Com o Amor possível
Henry Tabot

* Bem conhecida história “infantil” e título do excelente livro do Sr. Jack Herrer, O Cânhamo e a conspiração contra a Marijuana (Edição Viaoptima), sobre a proibição do uso do cânhamo e subsequente “diabolização” da maconha (vulgo erva, shit, maria...), fundamentalmente “encomendada pela multinacional química DuPont (que também vende remédios, e insecticidas, e muuuuuitos químicos, e muito, muito mais) depois de terem inventado o nylon e outras fibras sintéticas que rapidamente vieram substituir aquela que até essa data era a mais importante fibra têxtil.
Para terem uma pequena ideia, nessa época foi feito um filme nos EUA (escondido pelo governo americano até 1989), chamado “Cânhamo para a Vitória” (Hemp for Victory), encorajando os agricultores a produzirem mais para suprir as carências do cânhamo importado do Japão, pois era bem indispensável ao esforço de guerra.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Henry, adorei o texto. Está muito bem escrito, bem argumentado, enfim… Está excelente! Por favor, escreve mais vezes! Realmente és um ser multifacetado... Quanto ao facto de te assumires como fumador, tudo bem, desde que não seja à minha frente… Amigos como sempre, ok?!

Amélia

segunda-feira, julho 24, 2006 10:50:00 da manhã

 
Anonymous Anónimo said...

Acto de coragem. É bom teres participado.
Há pessoas que eu adoro na Sorrir e tu és uma delas sereno, humilde dando sempres o melhor e estando sempre presente, permitindo desde o primeiro dia que tudo isto acontecesse.
O meu Obrigada
Cristina

quarta-feira, julho 26, 2006 3:15:00 da tarde

 

Enviar um comentário

<< Home

 
Download Web Counter
DVD Movie Video Rentals