Ser Feliz, é uma Decisão?

segunda-feira, outubro 09, 2006

Corações vazios

A quantificação do dinheiro de que precisamos para ser felizes torna-se mais importante se desviarmos o olhar da capa da revista Forbes e nos concentrarmos nas populações mais pobres. Foi o que fez o indiano Amartya Sem, o que lhe valeu um inesperado Prémio Nobel da Economia, em 1998. Para surpresa do mundo das Finanças, a Academia sueca optou por premiar o «contributo de uma vida para o estudo do bem-estar das sociedades», que «não pode ser medido apenas pela quantidade de dinheiro que têm ao seu dispor». Um outro inesperado Nobel da Economia, em 2002, o psicólogo Daniel Kahneman, da Universidade de Princeton, no Reino Unido, defende, aliás, que o bem-estar das populações deve deixar de ser medido pelo Produto Interno Bruto (PIB) e que os países deveriam comparar o seu grau de desenvolvimento através de um Índice de Felicidade Bruto (IFB).
Porquê, afinal, esta obsessão pelo dinheiro? Se hoje vivemos muito melhor do que há 30 anos – temos mais casas, mais carros e milhões de telemóveis–, Porque dispararam as taxas da depressão, o índice dos divórcios, o número de suicídios? O psiquiatra José Carlos Dias Cordeiro, autor do livro Viver Feliz (Bertrand, 2002), diz que uma das suas maiores tristezas é ver como, nos últimos anos, o seu consultório se foi enchendo de pessoas desencantadas com a vida. «Têm tudo e não são felizes. Mostram uma grande dificuldade em ter prazer, em entrar em sintonia com a vida.»
O problema é comum a todo o planeta. O psiquiatra francês François Lelord escreveu sobre esta tristeza sem explicação, num delicioso livro intitulado A Viagem de Heitor (Edições Asa, 2003). Martin Seligman considera que é devido a este vazio que se instalou nos nossos corações que se popularizaram tanto os «atalhos para a felicidade imediata»: o consumismo, as drogas, o sexo casual.
Dias Cordeiro, reconhece que, nestes casos, a solução não passa por administrar uma qualquer «pílula da felicidade». E tenta fazer um trabalho que compara ao da filigrana, que é o de desenvolver a auto-estima, o gosto pela vida e os dois vectores que os anglo-saxónicos designam por «2B»: Belonging, ou o sentimento de pertença, e Believing, ou o sentimento de acreditar. «Tento ser um portador de esperança», resume.

Ana Afonso
anaafonso74@hotmail.com

Façam favor de serem felizes.

Equipa Sorrir
geral@sorrir.com
www.sorrir.com

Ser Feliz, é uma decisão?

1 Comments:

Blogger R. said...

Gosto muito de vir aqui porque me transmitem uma energia positiva muito grande. Desde que vos descobri nunca mais deixei de vir ler estes posts.
Comento este post porque este tema do binómio dinheiro/felicidade ocupou os meus pensamentos enquanto vinha hoje de carro para o trabalho. Por outro lado porque sou defensora dos trabalhos do Kahneman (fiz uma tese de licenciatura com base nos trabalhos deste investigador e de um outro o Tversky).
Cada vez acho mais que ser feliz é uma decisão, mas sabemos que há decisões dificeis de tomar.
Obrigada pela vossa ajuda!
Bom trabalho!

terça-feira, outubro 10, 2006 10:16:00 da manhã

 

Enviar um comentário

<< Home

 
Download Web Counter
DVD Movie Video Rentals