Ser Feliz, é uma Decisão?

sábado, outubro 14, 2006

A galinha do vizinho…



O investigador Paulo Lopes defende que, no caso português, a razão da insatisfação poderá estar no facto de nos compararmos, sistematicamente, com os países mais ricos da Europa. «Se olhássemos para como vivíamos há 30 anos, se calhar éramos mais felizes…» A importância das comparações traduz-se no que os sociólogos chamam «referência de ansiedade». As pessoas não tendem a perguntar-se «será que esta casa responde às minhas necessidades?», mas, sim, «será a minha casa mais bonita do que a dos meus vizinhos/amigos?» A teoria é simples: se a sua casa tiver dois quartos e todos os seus vizinhos possuírem apartamentos com dois quartos, a sua referência de ansiedade será baixa. Mas se o seu T2 estiver rodeado de casas com mais divisões, e se alguém, nas vizinhanças, construir uma mansão com piscina, o seu referencial de ansiedade vai disparar.
O Dr. Felicidade descobriu também que à medida que a classe média se aproxima dos que ganham mais, a sua felicidade tende a diminuir: «Deixam de se sentir gratos pelo que têm e passam a concentrar-se apenas naquilo que não têm.»
Com a perspectiva de ganhar mais dinheiro, a classe média de hoje vive refém do trabalho. Todos os estudos europeus indicam que trabalhamos cada vez mais e que cerca de 70% da população activa se queixa de não ter tempo para outras actividades. Talvez na miragem de poder ser dono e senhor do seu tempo, o português sonha com um negócio por conta própria: 67% gostariam de ser empresários. Mas, como diz o outro, falam, falam, falam e… 60% nunca pensaram sequer em formas de concretizar esse sonho.
Acomodados, pouco empreendedores e entre os menos produtivos da Europa, do que os trabalhadores portugueses talvez estejam a precisar é de novos patrões. Pelo menos, é o que indicam os estudos do psicólogo húngaro Mihaly Csikszentmihalyi , que estão a revolucionar o mundo do trabalho, nos EUA. Segundo as suas investigações, um chefe de um pequeno departamento pode ser tão determinante para o sucesso de uma empresa como o presidente da holding, uma vez que tem um contacto mais directo com os trabalhadores e é o primeiro responsável pelos seus níveis de bem-estar e motivação. Tendo comprovado que os níveis de felicidade dos trabalhadores afectam muito a produtividade, este psicólogo defende que é do melhor interesse das empresas fazer com que os seus empregados se sintam realizados e motivados no trabalho. Como? Começando por dar formação aos chefes de departamento, nas áreas de relações humanas, para que os diferentes humores, aspirações e ambições sejam geridos a bem do grupo e da empresa.
Contratar líderes optimistas também pode ser uma boa aposta. «A alegria é contagiosa», concorda o investigador Paulo Lopes, que conhece o estudo no qual Csikszentmihalyi demonstra que o estado de espírito de toda uma equipa muda consoante o humor do seu líder. O que se revela verdadeiro para o bom-humor, mas também para o mau.
Gostar do que se faz é igualmente importante. Várias investigações comprovam que quem não é feliz no trabalho dificilmente consegue ser feliz noutras áreas da sua vida. O empenhamento nas tarefas e a atitude face ao trabalho são também fundamentais e Csikszentmihalyi decidiu, por isso, criar um método que visa permitir a qualquer pessoa atingir o que designou por flow (de fluir): um estado de espírito positivo que nos leva a mergulhar no trabalho de forma criativa, feliz e dedicada. «Fascinava-me a felicidade transcendente que tem um artista enquanto cria uma obra de arte, ou um atleta de alta competição quando se prepara para estabelecer um novo recorde», explica o psicólogo no seu best-seller Flow (não editado em Portugal). Nesses momentos, Csikszentmihalyi registou tais níveis de concentração e adrenalina, que todo o sistema sensorial fica alterado. O guarda-redes Ricardo confirma que, no momento em que tirou as luvas – «instintivamente, nem sei bem explicar porquê, achei que me dava um 'extra' de motivação» –, estava completamente focado no adversário. «A visão alterou-se, a percepção dos sons também.» E nada abalaria, naquele momento, a certeza de que ia defender aquele penálti. «Cheguei mesmo a dizê-lo ao árbitro auxiliar.»

Façam favor de serem felizes.

Equipa Sorrir
geral@sorrir.com
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