A ciência da felicidade
Existirá uma receita para ser feliz? Eis o que centenas de cientistas, das mais diversas áreas, decidiram investigar. As suas conclusões estão a agitar o mundo da psicologia e do trabalho, numa sociedade que pede, com urgência, uma «revolução de alegria»
By: PATRÍCIA FONSECA / VISÃO nº 621 27 Jan. 2005
'Ricardo tirou as luvas…!!! É extraordinário, não se percebe… mas… atençãaaaooo !!!! E defendeu o penáltiiiii !!!» O Estádio da Luz quase foi abaixo, o País estremeceu com os gritos, de norte a sul, os jornalistas de desporto já estavam afónicos e o jogo que decidiria a eliminatória de apuramento para a meia-final do Euro 2004, entre Portugal e a Inglaterra, ainda não tinha terminado. Faltava marcar o penálti do tira-teimas e, para grande surpresa dos milhões que assistiam a um dos jogos mais emocionantes da história do futebol, foi o guarda-redes do Sporting que agarrou na bola e se dirigiu para a marca do pontapé. Guarda-redes contra guarda-redes, a alegria de um povo nos pés e… o resto, o leitor já sabe. Foi golo, um golo maravilhoso, que apurou Portugal e nos colocou num estado de euforia que, juram os psicólogos e os peritos em sondagens, ainda hoje tem efeitos positivos sobre os nossos níveis de felicidade.
Fale-se deste episódio a 99,9% dos portugueses (há sempre alguém que não gosta mesmo de futebol…) e o mais certo é que só a recordação desse momento desencadeie um sorriso. Este processo está a fascinar neurobiologistas e psicólogos de todo o mundo, que estudam agora formas de perpetuarmos as sensações boas do passado, os mecanismos que nos permitirão recorrer a elas em momentos de aflição e, no fundo, como ampliar a propagação das ondas de euforia positiva que se vivem nos estádios de futebol, numa sociedade sedenta de alegria.
Mas como os cientistas ainda não descobriram a fórmula mágica, finda a festa do Europeu, os portugueses voltaram a resmungar e a olhar o futuro com pessimismo. No entanto, como se comprova pela sondagem que publicámos e descreveu o poeta Manuel António Pina, estão gratos à selecção por tamanha alegria: «Agora que tudo voltou a ser lento, sórdido e obscuro, obrigado, futebol, por nos teres permitido um instante de claridade.»
Boa semana e façam favor de serem felizes
Ana Afonso
anaafonso74@hotmail.com
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